domingo, 2 de dezembro de 2012

FÉ E CARIDADE



 

Refletindo o texto do Autor Sagrado da viúva de Sarepta e da viúva do templo, destacamos o nexo entre fé e caridade, amor a Deus e amor aos irmãos. A fé em Deus não se limita a ser um ato puramente vertical, uma relação individual com Ele, mas se manifesta no amor aos irmãos.
Vivemos um momento em que muito se valoriza a individualidade, a subjetividade. O homem de hoje dá muitas voltas ao redor de si mesmo. A intersubjetividade e a dimensão comunitária, neste universo, perdem força. As próprias relações são vivenciadas em vista dos interesses pessoais.
As conseqüências fazem sentir em vários âmbitos. Gostaria de destacar o ecológico. Não é possível ter um estilo de vida, onde se esqueça que o mundo é apenas o meu habitat, mas também dos que convivem comigo e das gerações futuras.
Não é possível peregrinar nas estradas deste mundo vivendo na indiferença do que acontece ao nosso redor, sobretudo no que acontece a criatura mais excelente do planeta: o homem. Não podemos permanecer em paz, sabendo que ainda há fome, miséria e tantas calamidades que afligem o ser humano.
Às vezes podemos querer lavar as nossas mãos, transferindo para o Estado a responsabilidade da estabilidade social e do bem-estar para todos os cidadãos. Contudo, em nome da nossa fé, o outro é um nosso irmão e não podemos cair nas malhas do egoísmo.
Somos sim responsáveis uns pelos outros, tanto materialmente, como espiritualmente e não podemos permanecer em paz e nem nos permitir o luxo excessivo, o desperdício e tantas outras coisas mais que bradam o céu diante de quem não tem, por exemplo, o que comer.
As viúvas dos textos sagrados deram do essencial, não partilharam apenas o que sobrava, foram sóbrias em seu gesto, por isto, Jesus exaltou a viúva, fazendo valer a lógica da qualidade: deu mais não porque deu um grande quantia, mas porque deu do seu necessário.
 Vale a pena o nosso pouco que ajuda a minorar a dor de quem sofre, vale a pena a nossa solidariedade, o que não vale à pena e contradiz o nosso ser e aquilo a que fomos chamados, é o coração egoísta que nos faz fechar, olhos, braços e mãos ao irmão.
A fé é um dom de Deus ao qual o homem responde com magnanimidade e agradece e louva ao seu Senhor. Essa resposta do homem ao chamado de Deus é vocação e vocação é serviço, é gratidão, sedimentada na esperança e assumida como amor-caridade.

 

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo de Belo Horizonte

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

VISITA DE DOM MARCELO FREIRE A BELO HORIZONTE


VISITA DE DOM MARCELO FREIRE A BELO HORIZONTE

  

A Diocese Belo Horizonte esteve em festa nestes dias 17 e 18 de novembro de 2012.

Recebemos a visita de Dom Marcelo Freire Bispo Católico da Diocese do Rio de Janeiro.

Sua presença em Belo horizonte gerou muitas trocas de Experiências Eclesiais que enriquecerá muito as pastorais de conjunto e ainda criando mais laços estreitos entre as duas igrejas.

No dia 18/11/2012 Dom Marcelo Freire participou de uma celebração Eucaristica com Dom Eduardo Quintella, selando ainda mais os laços de fraternidade entre os dois prelados e suas igrejas.

Ao final da Celebração Eucarística Dom Marcelo Freire ministrou junto com Dom Eduardo Quintella dois batizados.

Ao findar das celebrações: Dom Marcelo participou de um almoço de confraternização. Logo após voltou pro Rio de Janeiro.


Veja Fotos Abaixo:



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

BISPOS GUARDIÕES DA VERDADE SALVÍFICA



A Revelação é um diálogo de Deus com a humanidade por meio de Sua Palavra eterna feita carne: Jesus. Este diálogo é para nos levar à vida com Deus, à vida eterna, nossa plenitude. Na própria criação, o Senhor já se manifesta pela sua amorosa providência, na eleição de Abraão, nosso Pai na fé, na aliança com Israel e na palavra dos profetas.
A Revelação deve ser acolhida com fé, com aquela abertura amorosa e disponível que atinge e engloba a pessoa como um todo. A Revelação não é um conjunto de informações para a inteligência, mas Alguém que vem ao nosso encontro e a quem devemos acolher com todo o nosso ser. No entanto, a Revelação inclui também verdades reveladas que devem ser cridas, porque foram reveladas por Deus.
Cristo, Revelação do Pai, confiou-a aos apóstolos que pregaram, viveram e, por inspiração do Espírito Santo, colocaram por escrito a mensagem salvífica. Para que essa mensagem de salvação continuasse viva na Igreja, os apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores e guardiões da verdade salvífica, contida na tradição oral e na Sagrada Escritura.
Quanto à tradição apostólica, ela abrange tudo aquilo que coopera para a vida santa do povo de Deus e para o aumento da sua fé. A tradição está, na vida e no culto da Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo. Compete aos bispos, o discernimento da tradição apostólica, a qual vai sempre progredindo na Igreja sob a inspiração do Santo Espírito.
Ainda quanto à tradição, ela está intimamente unida à Sagrada Escritura, pois ambas dão testemunho do mesmo Cristo. Escritura e tradição devem ser recebidas e veneradas com igual reverência. Compete aos bispos, à interpretação última seja da Escritura seja da tradição: eles receberam autoridade de Cristo para isso e nesse discernimento são guiados pelo Espírito Santo.
A Escritura é toda ela inspirada por Deus, pois os seus autores escreveram por inspiração do Espírito Santo, de modo que, mesmo que cada autor dos livros bíblicos tenha seu estilo e sua visão, o autor final da Escritura é o próprio Deus e a Bíblia é realmente palavra d'Ele que nos transmite a verdade para a nossa salvação. Não se trata de verdade científica ou histórica, mas a verdade sobre o Senhor, sobre o homem e sobre o sentido da vida e do mundo.
Por isso mesmo, a interpretação correta da Palavra de Deus requer que se conheça a cultura do povo da Bíblia, a mentalidade e intenção do autor sagrado, bem como o gênero literário em que tal ou qual obra foi escrita. Uma coisa é certa: seja o simples crente, seja o estudioso erudito, deve procurar o sentido último da Escritura em Cristo e procurar interpretá-la no mesmo Espírito Santo que a inspirou e a entregou à Santa Igreja.
O Antigo Testamento é Palavra de Deus e prepara para o Cristo e, por isso, somente pode ser bem compreendido à luz de Cristo. O Novo Testamento é mais excelente que o Antigo, porque é o cumprimento em Cristo daquilo que o Antigo anunciava. Os evangelhos são de origem apostólica e contêm uma interpretação segundo a fé e inspirada pelo Espírito da vida, palavras e missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem pelas Sagradas Escrituras como Palavra de Deus e exorta os fiéis a que se alimentem dessa Santa Palavra para o bem de sua vida espiritual e da sua vida moral. Também recorda que a Sagrada Escritura deve ser a alma da Teologia. Exorta os ministros sagrados a que preguem a Palavra, sobretudo cuidando bem das homilias na Santa Missa.
A celebração da Eucaristia é o lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus, pois aí, a Palavra anunciada, que é Jesus Cristo, faz-se carne que alimenta e dá vida. A salvação anunciada na Escritura é celebrada na Páscoa Eucarística.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte



sábado, 10 de novembro de 2012

A Complexidade do Ser Humano Contemporâneo



Ao longo do último século, o ser humano cresceu, progrediu e se desenvolveu mais do que em todos os tempos históricos da humanidade, particularmente nos campos da ciência, tecnologia, da medicina, das artes, ofícios, infraestrutura, com a conseqüente melhoria das condições de vida na Terra.
No entanto, apesar de todo avanço alcançado pelo homem no meio social, político, econômico e cultural, a grande maioria das pessoas vive à margem da sociedade de consumo, mesmo em países desenvolvidos, vivendo na mais profunda miséria material, moral e espiritual.
Os desafios existenciais do homem contemporâneo diante do pluralismo e incertezas que permeiam nosso tecido social hoje é exatamente o que significa o homem ser humano? Podem parecer óbvias a pergunta e a resposta, mas na realidade traz consigo um desafio próprio do nosso tempo.
Diariamente nos deparamos com crianças abandonadas nas ruas, idosos em depósitos públicos, irmãos nossos chafurdados em latas de lixo procurando o que comer pessoas sem perspectivas de trabalho, moradia, saúde, condições dignas de vida.
O grande desafio e discussão são exatamente sobre os valores que nos tornam humanos. Quais são as nossas características humanas. E essa discussão, embora toque bem de perto em assuntos teológicos, na realidade deixa claro que necessitamos hoje de verdadeiros embasamentos filosóficos.
Vivendo nos grandes centros urbanos adotamos um modo de vida fundamentado na lógica material, na cultura fabricada, onde tudo passou a ser mecânico, descartável, de coisas a pessoas, gerando um estado de insatisfação permanente, mesmo diante de toda a satisfação material, provocando nas pessoas desvios de comportamento, vida solitária, egoísmo, vaidade, luxúria, processo depressivo e alienação.
Aqui se situa o futuro de nossa humanidade. Se os valores pelos quais lutamos e vivemos dependem unicamente de uma maioria que decide e não de algo muito mais profundo no ser humano, estaremos correndo sérios riscos em nossa própria dignidade humana.
Este é o grande problema da humanidade, que não quer olhar para si própria, pois o ser humano se desligou de si mesmo, tendo muito medo de ver seu interior. Vamos dizer que ele odeia a percepção do seu íntimo.
Os pensadores de hoje não podem deixar de aprofundar sobre o assunto. A universidade, que é o lugar próprio do diálogo dos saberes, deve se engajar nessa discussão. É um tema necessário e importantíssimo para a vida do homem neste planeta.
Em seu livro Tempo de transcendência, Leonardo Boff nos diz que o ser humano é um projeto infinito. Apesar da finitude ser inerente à condição humana, pois somos seres que caminhamos para a morte, o homem busca o infinito, e aí reside a dimensão da transcendência.
No dizer de Boff, somos seres de enraizamento e seres de abertura (imanência/ transcendência). A raiz nos limita porque nascemos numa determinada família, numa língua específica, com um capital limitado de inteligência, de afetividade, de amorosidade.
Esta é nossa dimensão de imanência. Mas somos simultaneamente seres de abertura, pois ninguém segura os pensamentos, ninguém amarra as emoções, ninguém é capaz de aprisionar-nos totalmente.
Esta é a nossa dimensão da transcendência que nos possibilita romper barreiras, superar os interditos, ir além de todos os limites. Nessa sociedade tão cheia de perguntas e de muitas decisões que influenciam a vida humana, uma reflexão sobre o transcendência do ser humano poderá lançar luzes sobre a nossa vida e nosso futuro. Que suscitam tantos debates éticos e morais contemporâneos, para desembocar no sentido último da existência e da realidade, à luz da fé.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

sábado, 3 de novembro de 2012

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA ECLESIAL ESCATOLÓGICA




EXORTAÇÃO APOSTÓLICA ECLESIAL ESCATOLÓGICA SOBRE A MORTE. PROFERIDA POR +DOM EDUARDO ROCHA QUINTELLA. BISPO DIOCESE BELO HORIZONTE




          Os textos sobre Jesus ressuscitado se tornam paradigma bíblico para a ressurreição do corpo. Segundo modelo desenvolvido por Paulo que estão sendo confirmado pelos relatos sobre a ressurreição de Jesus: o corpo ressuscitado não tem necessariamente a mesma forma que a do corpo antes da ressurreição.
A morte é o nascimento para novas dimensões da vida em termos metafóricos, podemos imaginar aquilo que acontece ao ser humano na morte, recorrendo ao exemplo da transformação de uma lagarta em borboleta. A morte se torna compreensível através da analogia da metamorfose de uma lagarta que transforma em borboleta.
Deus ressuscitará o ser humano inteiro, com todas as dimensões. A dimensão corporal é umas destas dimensões essenciais. A ressurreição do corpo alcança um significado mais amplo, porque abrange a pessoa humana na sua totalidade. Na morte, o corpo e, com ele, toda a história vivida dentro de um mundo não serão simplesmente deixado para trás, tornar-se-ão definitivos no sujeito pessoal.
A pessoa que morreu vive o juízo final no momento da sua morte. É neste juízo final, porém, que acontece a ressurreição do corpo. A ressurreição do corpo na morte é conseqüência lógica da dimensão do juízo final. Não só a pessoa humana, mas o cosmo na sua totalidade serão plenificados por Deus e integrados na salvação. Ressurreição do corpo significa que o homem reencontra junto a Deus não somente o seu ultimo momento, mas toda a sua história.
No momento da morte, o homem se torna definitivo. Na morte, a pessoa humana é exatamente aquela personalidade que constituiu durante a vida. Tudo contribuiu para a formação de sua pessoa. Assim, eu sou esta pessoa, eu sou no momento da minha morte, eu sou exatamente aquilo que fiz de mim no decorrer da vida.
Na morte não há mais possibilidade de fugir de si mesmo. A crença na vida pós-morte aumenta a responsabilidade diante da vida vivida. A morte põe o ser humano face a face com sua culpa, sem nenhuma possibilidade de fugir.
Na vida há possibilidade de recomeçar. Na vida há sempre nova esperança. Na morte termina, para a pessoa humana, o tempo e a sua dimensão cíclica. Na morte, o homem é aquilo que fez de si mesmo, e não há nenhuma possibilidade de refazer algo. Na morte. O homem se torna definitivo, na morte se tornam definitivos: o homem na dimensão pessoal, o homem na sua dimensão sociestrutural, o homem na sua dimensão histórica.
Na morte, o homem vive a experiência de cognição total. Na morte, o homem conhece a si mesmo. A pessoa humana abrange muitos níveis, todos estes níveis se tornarão conscientes na morte. Todo ser humano é um elemento dentro de sistema entrelaçado. Toda vida humana tem importância incrível pelo todo do sistema. Não há vida insignificante.
Deve-se preferir a vida, gostar dela, vivê-la intensamente, mas é preciso estar preparado para atravessar o túnel para a outra vida, da eternidade, da luz, da glória e da paz. Entretanto, a vida terrena do ser humano é muitas vezes interrompida, impedindo-o de prosseguir sua obra ou terminá-la. Se existe outra vida na nova realidade, certamente ele terá outra missão a cumprir.
Esta é a explicação mais lógica. É o mistério que o homem não conseguiu explicar. Entretanto, com o aperfeiçoamento espiritual, fatalmente encontrará resposta para tudo que, hoje, é impossível sua compreensão.
A religião, as ciências e as grandes descobertas convivem sincronicamente. A verdade é que cada época há de legar ao homem os sinais do passado, que marcarão para sempre sua vida e servir-lhe-ão de guia na escuridão das angústias e na cruzada do porvir. As gerações, sucedendo-se e alimentando-se umas as outras.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

VISITA PASTORAL DE DOM EDUARDO ROCHA QUINTELLA


Visita Pastoral de Dom Eduardo R. Quintella, Bispo Diocese Belo Horizonte. Cidade de Catas Altas da Noruega Interior de Minas Gerais.


Este fim de Semana próximo passado, ou seja, dias 27 e 28 de Outubro. Dom Eduardo R. Quintella, Bispo Diocese Belo Horizonte, esteve em visita Pastoral a Catas Altas da Noruega, aonde Ministrou Crisma, batizado e matrimônio comunitário.

Esta visita pastoral consolidou mais ainda a Comunidade Católica de Santo Expedito e Nossa Senhora Aparecida fundada pelo nosso Querido Prelado.

Dom Eduardo foi recebido com fogos de artifícios e mais de trezentas pessoas que o agradeceram muito pela sua visita. Logo após os trabalhos missionários e sacramentais, Dom Eduardo Retornou a Belo Horizonte com sua comitiva.


Veja abaixo fotos do evento:





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Igreja, Eucaristia e Missão




           Os discípulos e missionários de Cristo devem iluminar com a luz do Evangelho todos os âmbitos da vida social. Se muitas das estruturas atuais geram pobreza, em parte é devida à falta de fidelidade a compromissos evangélicos de muitos cristãos com especiais responsabilidades políticas, econômicas e culturais.
Nossa fé proclama que Jesus Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. Por isso, a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza. Essa opção nasce da nossa fé em Jesus Cristo, o Deus feito homem, que fez nosso irmão (Hb 2,11-12). Opção, no entanto, não exclusiva, nem excludente
Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo. Eles desafiam o núcleo do trabalho da Igreja, da pastoral e de nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com Cristo tem relação com os pobres, e tudo que está relacionado com os pobres clama por Jesus.
Conhecendo a Cristo conhecemos o Pai. Esta é a nossa missão hoje: reconhecer Jesus em cada irmão para caminharmos para o Pai. A fé em si mesma não é uma abdicação da razão, não é uma renúncia a pensar, a raciocinar. A teologia ocupa-se de Deus, de Jesus Cristo e das verdades reveladas, é inteligência da fé, e a fé em Deus é inteligência.
Hoje todos se interrogam sobre Cristo, ou para maldizê-lo ou para invocá-lo, ou para persegui-lo ou para amá-lo, e atuar seu amor em seu nome e por ele. Mas nenhum destes, inclusive nenhum dos discípulos, ainda vendo Jesus em sua história, viu-o realmente em sua essência. Começaram a ver Jesus e a compreender seu rosto só a partir da Páscoa.
Já antes da Páscoa, Jesus, à pergunta do discípulo Felipe, que lhe pede mostra-nos o Pai e nos basta, Jesus responde: Felipe, tanto tempo faz que estou convosco e ainda não me conheces? Jesus se deixa conhecer realmente e plenamente pelo que é, à luz do Ressuscitado, Eu estava morto, mas agora estou vivo pelos séculos dos séculos.
Os discípulos reconhecem Jesus pela tarde, na casa de Emaús. Reconheceram Jesus que toma o pão, abençoa-o, parte-o e o entrega; nesse momento, abriram os olhos, tiveram a intuição, o entendimento de que aquele desconhecido era o Senhor.
Mas naquele mesmo momento Jesus desaparece: eis aqui o que significa ver Jesus, intuí-lo, compreendê-lo, com todo o ser, com a inteligência, a razão e o transporte de amor, mas no momento que o vejo e compreendo não o posso abraçar, porque Jesus é infinitamente maior do que podemos imaginar.
Deus se fez presente na história do homem através de Jesus de Nazaré. O Deus, o absoluto, manifestou-se e revelou em Jesus Cristo. Pode-se dizer que é possível ver o rosto de Cristo na Eucaristia. É a Eucaristia a continuidade da revelação.
A Eucaristia e o batismo são dois filões que sustentam toda a comunidade de crentes. A comunidade de uma família, de uma aldeia, de uma diocese, de uma nação está fundada nestes dois pilares.
A Igreja está construída em dois sacramentos que são o batismo e a Eucaristia, simbolizados pela efusão da água e do sangue que se produziu no momento em que o lado de Cristo foi traspassado pela lança.
Simbolicamente e misticamente, já o evangelista João viu o nascimento da Igreja neste eflúvio de sangue e água, símbolos do batismo e da Eucaristia.
A Eucaristia é por excelência o mistério da fé, porque nela se encerram todos os sacramentos e tudo o que significa ser cristão. A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

sábado, 26 de maio de 2012

Exortação Apostólica Teológica e Eclesial sobre o Espírito Santo proferida por +Dom Eduardo Rocha Quintella, Bispo fundador da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa(ICAO)



Há muito a se fazer na compreensão da ação do Espírito na Igreja

Podemos dizer que sem a ação do Espírito Santo, a compreensão teológica bem como as estratégias missionárias serão insuficientes na dinâmica da propagação do evangelho e na vida da igreja. Dependemos do Espírito para converter o coração do povo, uni-lo, levá-lo a adoração a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho.
Acreditamos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem natural sabe que é pecador, porém apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir pecador. Portanto em toda a apresentação do evangelho, se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de uma apologia humana. 
A vida humana é chamada a ser uma vida no Espírito, não só porque somente no Espírito podemos experimentar e conhecer Deus como Deus, mas porque, na economia da salvação, realizada pela missão do Filho e do Espírito, o Verbo e o Espírito são inseparáveis.
Pode-se dizer que o que caracteriza a atual Teologia do Espírito Santo, ou Pneumatologia, é, na expressão de Congar, que  entendemos hoje por Pneumatologia não a teologia da terceira Pessoa em si mesma, mas o impacto de uma consideração ativa do Espírito sobre a maneira de ver a Igreja, sua vida e seus membros.
Há muito a se fazer na compreensão da ação do Espírito na Igreja, tendo em vista, em particular, a problemática brasileira dos choques, aparentemente inevitáveis, entre os objetivos das pastorais libertadoras e a concepção de vida pessoal e comunitária que prevalece nos diversos movimentos de tendência carismática.
   O segredo da pneumatologia é a sua vinculação estreita com a realização do desígnio de Deus no Cristo Jesus, salvaguardando sempre a santificação como participação antecipada na vida de Deus, quer na intimidade da oração, quer na transformação da sociedade segundo o Evangelho.



+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Exortação Apostólica Eclesial




A comunhão faz parte do ser da Igreja e é expressa pela participação comunitária dos fiéis.

A Igreja-Comunhão é uma das faces da Igreja, a qual revela sua unidade, que é gerada pela Palavra e pelo Sacramento. A Comunhão na Igreja deve ser entendida a partir da relação comunial da Trindade. A mesma se realiza em todo ato eucarístico o qual o cristão tem a possibilidade de participar, e que leva à comunhão dos homens com Deus e entre si.
A comunhão faz parte do ser da Igreja e é expressa pela participação comunitária dos fiéis. Assim, ao refletir sobre a Igreja-Comunhão, vê-se que essa é uma realidade, uma imagem da Igreja, que desperta em todo cristão a consciência de que ele é Igreja, e que, vivendo nessa unidade de filhos de Deus, é convidado a ser discípulo missionário de Jesus.
A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, através do seu Bispo Fundador Dom Eduardo Rocha Quintella vem manifestar a necessidade da ICAO ser uma Igreja-Comunhão quando da Incardinação e excardinação de seu clero, e qualquer outra atividade de natureza eclesial.
Deve ser aplicada e vivida uma eclesiologia de comunhão e participação, para que crie dentro da diversidade dos dons uma responsabilidade mais comprometida, dando sustentáculo como instituição religiosa Ortodoxa que atenda a vínculos de comunhão, participação, fraternidade dentro do Clero.
Sugerimos que nenhuma atitude isolada deve ser tomada. As decisões devem ser submetidas ao Conselho Eclesial como órgão legalmente constituído. Por isso, a Comunhão na Igreja é um elo de intimidade dentro da mesma, é uma graça permanente nela, da qual os cristãos são chamados a se envolverem, a participarem como discípulos missionários.
Portanto, só descobrir-se-á o grande mistério presente na Igreja-Comunhão numa permanente vida de comunidade, ou melhor, no momento em que cada membro sentir a necessidade do outro, e com isso, buscar ajudá-lo.
Sendo assim, não podemos esquecer que essa Igreja, que é Comunhão, seja como comunidade ou como instituição, está fundamentada no Espírito Santo, e esse, por sua vez, faz a Igreja ser una em Cristo, e é pela participação da comunhão eucarística, na fração do pão, que os fiéis são elevados a comunhão com Ele e entre si.


+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Teologia Paulina da Cruz (Novos Paradigmas)


  
A cruz é a nossa única Teologia


Paulo nos quer dizer que não podemos fazer nada para merecer a salvação. E, se não entendemos isso, não entendemos nada do Evangelho. Verificando as epístolas de Paulo, porém, apenas três abordam a questão da gratuidade da graça e da justificação pela fé: Gálatas, Filipenses e Romanos.
O conceito-chave do pensamento Paulino, se concretiza diversamente em função das problemáticas encontradas e das culturas dos destinatários das cartas, mas que é central para todas as epístolas: aquilo que eu chamo de teologia da cruz. A cruz de Jesus, que morre como um homem sem qualquer qualificação perante a lei torna-se o princípio de inteligibilidade do cristianismo.
A teologia Paulina da cruz fica mais densa em I Coríntios 1, 18-25, onde se lê: A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas, para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus. Essa loucura, esse absurdo, ou seja, a cruz se atravessa em um imaginário de Deus como onipotente.
Paulo propõe justamente que se abandonem as categorias teológicas de onipotência para aceitar as manifestações inimagináveis e paradoxais de Deus.
A cruz é a nossa única teologia. De certa forma, a linguagem de Paulo vem crucificar, portanto, as nossas imagens anteriores de Deus. Em Jesus, a força de Deus se manifesta na sua extrema fragilidade.
Para Paulo, todos são gratuitamente justificados pela graça. Portanto, para o pensamento Paulino, não há um laço entre dar e receber a salvação. A fé é recepção gratuita, ato de confiança, não depende da peregrinação ou do desempenho do fiel.
Dois autores sagrados afirmam a teologia enfocada na cruz: de um lado, o evangelista Marcos e, do outro, Paulo. Paulo expressa pela argumentação, através de um discurso argumentativo, o que Marcos, por sua vez, interpreta em uma narrativa, isto é, utilizando o modo narrativo. O que os reúne é o fato de que, tanto para um como para outro, a verdade de Cristo, e bem mais a verdade do Cristianismo, só se expressa na cruz.
É nesse momento, então, que se manifesta a necessidade de espiritualidade. É preciso que os cristãos tenham nesse momento uma linguagem verdadeira, e esta linguagem verdadeira é a de um Cristianismo voltado não para uma cruz dolorista, mas para uma cruz promessa de vida ligada àquele que vive seu sofrimento com a convicção de que Deus o impulsiona para a vida.
Portanto, existe uma necessidade de espiritualidade evidente que não é menor do que a de antes, com a diferença de que o público desconfia de fórmulas prontas, o que eu chamo de fórmulas do catecismo, fórmulas doutrinárias que não se orientam para a existência.
E para isso, de fato, é preciso voltar à Escritura, porque é assim que aprendemos a despojar nossa linguagem das fórmulas calcadas, dos slogans, para seguirmos o percurso de vida de pessoas que podem atestar a presença de Deus que as acompanha.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese de Belo Horizonte

sexta-feira, 20 de abril de 2012

III Domingo da Páscoa (Lc 24, 35- 43) Ano B – 22/04/2012




É preciso ver o extraordinário nas coisas ordinárias.
Nós nascemos na Igreja e nutrimos nossa fé na Igreja. Não existe cristão que vive isolado, no mundo, individualizado numa religião ao seu modo. O cristão precisa da Igreja. Na Igreja ele é acolhido pelo Ressuscitado, que indica onde encontrar a vida em abundância e lhe prepara um alimento renovador das forças.
           É deste modo que acolhemos Jesus que vem ao encontro de seus discípulos para alimentá-los com sua Palavra e com um alimento preparado por ele próprio. Uma típica alusão aos sacramentos, especialmente à Eucaristia, destacando a presença de Jesus ressuscitado na Palavra e nos símbolos sacramentais.
Da mesma forma, o Senhor vem ao encontro dos discípulos, de todos os tempos, na vida cotidiana, manifestando-se especialmente naqueles que ouvem sua Palavra, a obedecem e lançam a rede onde possam pescar vida abundante.
Como Cristo apareceu aos discípulos de emaús, também aparece na nossa vida. O único obstáculo seria o estarmos sem os olhos da fé. Torna-se difícil reconhecê-Lo quando estamos preocupados demais com nós mesmos, com as pequenezes da vida, com a rotina da vida quotidiana. A vida presente tem um significado muito mais profundo, nos lança à Vida Eterna.
É preciso ver o extraordinário nas coisas ordinárias. Temos que dar testemunho daquilo que experimentamos graças aos olhos da fé, que o mundo não reconhece e que só a fé revela: Cristo ressuscitou. Ele vive e nos precede junto de Deus. Há tantos cegos que não enxergam por culpa do seu egoísmo e sensualidade, soberba e avareza...
Ajudemos nossos irmãos a encontrarem os olhos da fé, que Cristo traz com a Sua Ressurreição. Vivamos com cara de ressuscitados. Neste domingo, façamos o propósito de abrir o nosso coração. Para isso devemos esvaziá-lo de nós mesmos e implorar a Deus que entre, para que o seu Espírito nos transforme em pessoas ressuscitadas.

Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte

sábado, 14 de abril de 2012

II Domingo da Páscoa Ano - B – 15/04/2012 (Jo 20, 19-31)




O Jesus Ressuscitado não é encontrado na paz das igrejas

A liturgia desse domingo, vivendo ainda a alegria pascal, apresenta a nova comunidade (a Igreja), que nasce da cruz e Ressurreição com a missão de revelar aos homens a Vida Nova que brota da Ressurreição. Uma comunidade que dá testemunho, provocando admiração e simpatia do povo e atraindo novos membros.
O Tempo Pascal caracteriza-se como tempo, no qual o Espírito Santo conduz sua Igreja ao testemunho concreto da fé, através da partilha fraterna, da alegria e da paz. A celebração deste Domingo demonstra que a fé não é algo teórico ou intimista, pois esta se manifesta concretamente em nossas comunidades e na vida dos discípulos e discípulas de Jesus.
Talvez esta seja a mensagem central do Evangelho deste segundo domingo de Páscoa. O Jesus Ressuscitado não é encontrado na paz das igrejas. Devemos sair ao fundo deste mundo. Devemos colocar as mãos nas feridas da história. Devemos nos aproximar dos que lhes tocou a pior parte, aos pobres, aos marginalizados de todo tipo, aos que sofrem por qualquer razão.
Aí, tocando a cruz, que podemos sentir, é como nos encontramos com o Senhor Ressuscitado, com o Jesus ao qual o Pai devolveu a vida. Indo aos lugares mais escuros da história, onde o pecado, a dor e a morte estão demasiados presentes, onde não cabe a esperança, é como encontraremos ao que é a fonte de toda esperança, ao que nos faz olhar para além da morte, com uma perspectiva que não é a dos homens senão a perspectiva de Deus.
Sentindo todos os homens e mulheres como irmãos e irmãs no coração, seremos capazes de recriar aquela comunidade primeira na qual, todos viviam unidos e tinham tudo em comum. As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo.
E aí precisamente onde experimentamos a Jesus Ressuscitado e escutamos uma vez mais sua voz, que nos enche de esperança: A paz esteja convosco.

+Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte